A cada hora, cinco mulheres são alvo de algum tipo de agressão em Pernambuco

A cada hora, ao menos cinco mulheres são alvo de alguma forma de agressão, em Pernambuco. Os dados foram contabilizados pela Secretaria da Mulher e dizem respeito a todo o ano de 2016, quando foram registrados 50.042 casos. Isso significa que, a cada 12 minutos, em média, uma mulher sofre algum tipo de violência nos 184 municípios de Pernambuco. Além disso, nos 12 meses do ano passado, foi registrada uma média de ao menos cinco estupros por dia, com 1.825 um total de denúncias desse tipo de crime.

Em 2015, o número de agressões foi um pouco menor, com 48.837 ocorrências registradas. Nos casos de homicídio, o índice deu um salto de 15%, aumentando de 245, em 2015, para 282, de acordo com o balanço da Secretaria de Defesa Social (SDS).

Principal local de atendimento às mulheres vítimas de violência no Grande Recife, o Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa (SAM/WL), na Zona Norte da cidade, registrou média de mais de um caso de violência por dia em 2016.

Delegacia da Mulher do Recife foi enfeitada com rosas vermelhas no Dia Internacional da Mulher, em 2016 (Foto: Malu Veiga / G1)

Delegacia da Mulher do Recife foi enfeitada com rosas vermelhas no Dia Internacional da Mulher, em 2016 (Foto: Malu Veiga / G1)

Dos 371 primeiros atendimentos realizados no local, quase um terço foi prestado a adolescentes com idades entre 12 a 18 anos, com 110 casos. A maior parcela de vítimas está entre os 19 e 59 anos de idade, com 256 casos.

 Também houve cinco ocorrências de mulheres idosas, com idade superior a 60 anos. O centro, que está instalado no Hospital Agamenon Magalhães, contabilizou 1.451 assistências, resultando em média de quase quatro mulheres por dia.

Desse total, 371 foram primeiras visitas ao Wilma Lessa, enquanto os demais foram retornos para acompanhamento clínico, social e psicológico. O balanço também mostra que, das 371 mulheres que procuraram o Wilma Lessa no ano passado, 273 foram ao centro após sofrer violência sexual, 32 por violência física, 62 violência sexual e física e outras quatro por ameaça e violência verbal.

No Recife, vagão exclusivo para mulheres foi criado para tentar diminuir os casos de violência no local. Medida divide opiniões (Foto: Marina Meireles/G1)

No Recife, vagão exclusivo para mulheres foi criado para tentar diminuir os casos de violência no local. Medida divide opiniões (Foto: Marina Meireles/G1)

Coordenadora do centro, Mayara Mendes explica que, em todos os casos de agressão ou estupro, o aspecto psicológico da vítima fica comprometido e, por isso, é essencial o atendimento específico nessa área. “A incidência de mulheres que sofrem agressão na própria casa é muito grande, principalmente quando se trata de menores de idade. O acompanhamento com psicólogos é muito importante para que o trauma interfira menos no dia a dia da vítima, mas muitas delas não retornam para serem atendidas”, explicou.

Tanto no Wilma Lessa quanto nos outros centros de atendimento à mulher, as vítimas recebem atendimento médico, medicação adequada para o tipo de violência e, caso deseje, encaminhamento para denunciar o agressor. “O importante é que a vítima procure atendimento médico antes mesmo de ir à polícia, porque corremos contra o tempo para prevenir possíveis doenças. Nos locais onde é feita a coleta de DNA dos suspeitos, por exemplo, há procedimentos que só podem ser feitos até 72 horas depois da agressão, o mesmo para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, por isso a urgência”, disse Mayara.

Nos centros também é oferecido o serviço de interrupção da gravidez, prevista por lei nos casos de violência sexual. Em 2016, 31 mulheres grávidas chegaram ao Wilma Lessa para interrupção gestacional, relatando violência sexual. Dessas, 23 optaram por realizar o procedimento. A lei prevê assistência segura e humanizada às mulheres.

Rede

Atualmente, em todo o estado, há dez Delegacias da Mulher, além de dez Varas de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher no Tribunal de Justiça de Pernambuco. Existe, também, o monitoramento da distância dos agressores das vítimas, via GPS. Cerca de 400 mulheres utilizam essa tecnologia no estado.

No monitoramento por geolocalização, os agressores têm que utilizar tornozeleiras eletrônicas que, ao aproximar-se das vítimas, dispositivos GPS emitem sinais para que a vítima procure ajuda e que a polícia contate o agressor e o adverta a se distanciar. Caso ele não obedeça, viaturas da PM se deslocam ao local para confrontá-lo.

Locais: Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) – Recife; Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) – Recife; Hospital da Mulher do Recife – Recife; Hospital e Maternidade Petronila Campos – São Lourenço da Mata; Maternidade Arnaldo Marques – Recife; Policlínica Agamenon Magalhães – Recife; Maternidade Bandeira Filho – Recife; Unidade Mista Prof. Barros Lima – Recife. 4a GERES: Hospital Jesus Nazareno – Caruaru. 7a GERES: Hospital Regional Inácio de Sá – Salgueiro. 8a GERES: Hospital Dom Malan – Petrolina. 11a GERES: Hospital Professor Agamenon Magalhães – Serra Talhada.

SERVIÇO DE APOIO À MULHER WILMA LESSA: Estrada do Arraial, 2723, Casa Amarela – Recife/PE Telefones: (81) 3184-1739 / 3184-1740.

Fonte: G1 PE

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