Reeleição de Rodrigo Maia para presidencia da Câmara dá segurança a Temer

A reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara com 293 votos favoráveis dá uma segurança para o Planalto para o desafio maior deste semestre: a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso e, se possível, o encaminhamento das mudanças na legislação trabalhista. “Nós queremos aprovar a reforma da Previdência, nas duas Casas do Congresso, até o dia 30 de junho”, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, logo após a sessão de abertura do ano legislativo.

Para aprovar mudanças constitucionais, são necessários 308 votos, no mínimo. A votação de Maia foi vitaminada com votos de quase metade da bancada do PT e o apoio total do PCdoB. Por isso, os cálculos mais otimistas são que Maia teve o apoio de 250 parlamentares da base. Mas o Planalto espera angariar votos dentre os 105 deputados que apoiaram a candidatura do petebista Jovair Arantes (GO).

“Se não aprovarmos logo a reforma, em 2025 o orçamento do governo só terá pagamento de pessoal, de aposentados da Previdência e recursos obrigatórios para a Saúde e Educação. O custo da reforma já está precificado e os investidores esperam essa aprovação para voltar a acreditar no Brasil”, completou Padilha.

Rodrigo repetiu o que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), dissera na véspera: as reformas encaminhadas pelo governo ao Congresso terão total prioridade na pauta de votações. “Vamos ficar conhecidos como uma Câmara reformista, que encara os problemas e vai fazer reformas estruturantes necessárias para o Estado brasileiro”, disse Maia. Ele já escolheu o deputado Arthur Lira (PP-AL) como relator da reforma e o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para presidente da comissão especial.

O Planalto aposta no estilo conciliador e na formação de Maia para a tarefa. Parlamentar próximo do mercado financeiro, o demista tem origem liberal. Mas, ao mesmo tempo, soube, nos seis meses em que presidiu interinamente a Câmara, após a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dialogar com setores da oposição e da minoria. Tanto que repetiu o apoio recebido do PCdoB e abocanhou parte dos votos do petista.

“Apesar de ser oposição, devo admitir que Maia fez um bom primeiro mandato. Foi uma vitória do governo Michel Temer”, admitiu o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE). Para o deputado Danilo Forte (PSB-CE), o governo larga com folga no debate para a aprovação das reformas, mas precisa ter habilidade para obter as vitórias. “O PMDB saiu fragilizado com a derrota do favorito do Planalto para a primeira vice-presidência, Lúcio Vieira Lima. E também precisará afagar a turma ligada a Jovair Arantes (PTB-GO), que pode se sentir desprestigiada pelo Planalto”, completou Forte.

O líder da Rede Sustentabilidade na Casa, Alessandro Molon (RJ), admite que será um ano de resistência e luta. “Precisaremos debater e nos esforçar muito para evitar perdas de direitos previdenciários, trabalhistas e sociais”, disse ele. Para alguns analistas políticos experientes, o Planalto terá de ter habilidade para negociar o texto e, dificilmente, a proposta original será aprovada na íntegra pelos deputados.

Para o analista de risco político da XP Investimentos, Richard Back, o resultado das eleições nas duas Mesas Diretoras do Congresso não poderia ser melhor para o governo, especialmente na sinalização política para o mercado. “Agora, cabe ao Planalto montar uma tenda permanente de negociações, misturando articuladores políticos e a equipe econômica, para aprovar as reformas no Congresso.”

“Precisaremos debater e nos esforçar muito para evitar perdas de direitos previdenciários, trabalhistas e sociais”
Alessandro Molon, líder da Rede Sustentabilidade

“Se não aprovarmos logo a reforma, em 2025 o orçamento do governo só terá pagamento de pessoal e de aposentados”
Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil

“Apesar de ser oposição, devo admitir que Maia fez um bom primeiro mandato. Foi uma vitória do governo Michel Temer”
Sílvio Costa, deputado do PTdoB pernambucano

Fonte: Diário de PE

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