Entidades que lutam pelo aumento da segurança viária realizaram um protesto, na manhã desta terça-feira (28), durante a 72ª Reunião Geral do Fórum Nacional de Prefeitos, no Recife. Durante o evento, os manifestantes entregaram uma carta ao prefeito da capital pernambucana, Geraldo Julio (PSB), e solicitaram que a velocidade máxima nas ruas da cidade seja reduzida de 60 KM/h para 50 KM/h, conforme orientação da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ato ocorreu dois dias após um carro dirigido por um universitário bêbado, em alta velocidade, bater em outro veículo, na Zona Norte, e provocar a morte de três pessoas e ferimentos em duas. Imagens mostram o momento em que veículo de João Victor Ribeiro Cabral, 25 anos, preso e e autuado por triplo homicídio doloso, atinge a SUV em que viajava uma família, na noite de domingo (26).
Morreram a advogada Maria Emília Guimarães Silveira, 39 anos, o filho dela, Miguel, 3 anos, e a babá Roseane de Brito Souza, 23 anos. Estão em estado grave no Hospital Santa Joana, no Recife, o advogado Miguel Silveira Filho, 46 anos, marido de Emília, e a filha do casal, Marcela, 5 anos.
De acordo com o Roderick Jordão, um dos organizadores do ato, a ideia é evitar mais mortes no trânsito. Para reforçar o protesto, as entidades contaram com apoio de famílias de vítimas de acidentes e atropelamentos e de grupos que defendem a bicicleta como meio de transporte.
“Em 2015, 528 pessoas morreram em acidentes no Recife. Tivemos uma média de 32 mortes para cada 100 mil habitantes, quando a média nacional, nesse período, foi de 19 mortes para cada 100 mil habitantes. Precisamos acabar com isso”, declarou.
Os manifestantes levaram faixas e cartazes para o protesto. “Reduzir velocidades salva vidas” e “Basta de mortes no trânsito” eram algumas palavras de ordem. De acordo com os organizadores, 15 representantes de entidades e coletivos participam da iniciativa.
Roderick Jordão informou que os manifestantes defendem a redução da velocidade em vias urbanas não só no Recife. A ideia é levar essa reivindicação para outros municípios. “Essa é uma prerrogativa de prefeituras. Fizemos o ato na reunião dos prefeitos, mas nosso objetivo inicial era fazer o contato com Geraldo Júlio”, observou.
Na carta entregue ao prefeito, as entidades apresentam estatísticas internacionais sobre a relação entre velocidade e consequências de atropelamentos. Os dados mostram que um acidente desse tipo envolvendo um carro que trafega a 30 quilômetros por hora tem um índice de mortalidade de 5%. O de lesionados é de 65% e o de ilesos, de 30%.
Quando a velocidade do veículo sobe para 50 quilômetros por hora, o índice de óbitos chega a 45%. E, se o carro trafegar a 65 quilômetros por horas, ó número de mortes atinge a marca de 85%.
Participaram do protesto representantes da Ameciclo, Bike Anjo, Centro Popular de Direitos Humanos, Cicloação, Rede Meu Recife, Movimento Olhe pelo Recife, Observatório do Recife e UCB (União dos Ciclistas do Brasil).
Resposta
Diante do protesto, a Prefeitura do Recife esclareceu, por meio de nota, queo movimento foi pacífico. Os manifestantes tiveram garantido o direito de fala. A administração municipal ressaltou que o canal de diálogo está aberto.
Por meio de nota, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) informou que, entre 2012 e 2016, foi registrada uma redução de 40% no número de acidentes com mortes, no Recife.
Segundo a CTTU, o mesmo resultado pode ser percebido no número de acidentes fatais envolvendo ciclistas. Em 2012, foram cinco. Em em 2016, houve um óbito. De acordo com os dados registrados nos sete primeiros meses deste ano, as estatísticas seguem o mesmo ritmo de redução, conforme a CTTU.
A autarqua ressaltou, ainda, que o Recife dispõe de 90 equipamentos e 69 deles são capazes de fiscalizar infrações como excesso de velocidade, parada sobre faixa, avanço de semáforo e conversão proibida. Desde 2014, a cidade conta com a primeira Zona 30, que contempla 22 vias do Bairro do Recife, onde a velocidade máxima permitida é de 30km/h.