Ex-secretário de Ipojuca aparece em vídeo ofendendo mulher na Rússia

 

A decepção do Brasil na Rússia neste início de mundial poderia ter ficado restrita ao empate contra a Suíça, mas a atitude de um grupo de torcedores canarinhos na sede da Copa do Mundo gerou polêmica, revolta e envergonhou muitos brasileiros. Em diferentes vídeos que circulam pelas redes sociais, pelo menos quatro torcedores com a camisa verde e amarela aparecem ao lado de uma estrangeira cantando palavras obscenas sem que a moça os compreenda. Para os pernambucanos, chamou a atenção o fato de que um dos presentes é ex-secretário de Turismo de Ipojuca, o advogado Diego Valença Jatobá.

Nas imagens, Jatobá aparece vestindo a camisa da Seleção com um lenço no pescoço ao lado da mulher enquanto o grupo se filma fazendo referência ao órgão sexual da moça de maneira impublicável. Em um dos locais onde o vídeo foi reproduzido, o perfil do Instagram do aplicativo do Mete A Colher – plataforma de apoio a mulheres e combate à violência – a publicação chegou a ter mais de 400 comentários repudiando o ato.

“Postamos o vídeo com o objetivo de discutir a situação. Sabemos que o futebol se mostra como um esporte machista no Brasil e ali ele foi usado para constranger uma mulher, que sequer estava entendendo o que acontecia. Precisamos discutir como o machismo é uma coisa cotidiana, que quebra fronteiras”, argumenta a co-fundadora do Metendo a Colher, Renata Albertim.

As imagens também foram compartilhadas no Twitter pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que comentou: “Risadas idiotas. Vergonha desses caras em grupo, se achando engraçados dizendo idiotices ao redor de uma garota. Façam isso com um russo bem grandão! Retuitei só pra dizer que esses babacas podem ter grana pra chegar lá mas não representam o Brasil”.

Para a ativista e professora de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Paula Melo, a ação do grupo demonstra como o machismo se utiliza de diferentes artifícios para subjugar as mulheres – no caso do vídeo, o idioma foi a ferramenta. “Fica muito claro a situação de ridicularização quando se coloca no lugar da moça estrangeira uma mulher do nosso convívio próximo. O que aqueles homens achariam se aquilo acontecesse com uma pessoa da família deles?”, questiona a professora.

OUTRAS POLÊMICAS

Diego Jatobá era filiado ao PSB quando esteve à frente da pasta de Turismo em Ipojuca durante a gestão de Pedro Serafim (PDT), encerrada em 2013. Nesse mesmo ano, já afastado do cargo, o advogado se envolveu em outra polêmica ao postar em suas redes sociais uma foto segurando várias cédulas de US$ 100. Depois da publicação, se justificou afirmando que o dinheiro não era seu e tratava-se de uma brincadeira entre amigos.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jatobá não está filiado a nenhum partido. Sua a última filiação foi com a Democracia Cristã (antigo Partido Social Democrata Cristão – PSDC), que foi cancelada em 14 de abril deste ano. A reportagem entrou em contato com o advogado, mas, até esta publicação, não recebeu retorno.

RETRATAÇÃO

Para a ativista e membro do Fórum de Mulheres de Pernambuco Simone Franco, também é preciso discutir punições para esse tipo de atitude. “Na minha opinião, a retratação de pessoas públicas apenas alimenta o ciclo de violência contra a mulher. O homem faz e diz o que quer e depois posa de arrependido? A violência não é reparada com uma retratação. Acho que nós, mulheres, estamos cansadas de retratações públicas”.

Fonte: JC Online

 

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