Bandidos atacaram agências bancárias, efetuaram disparos de armas de fogo de grosso calibre e jogaram grampos em duas rodovias estaduais, na madrugada desta quinta-feira (19), em Amaraji, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, distante 96 quilômetros do Recife. Eles explodiram caixas eletrônicos do Banco do Brasil e do Bradesco e levaram dinheiro. Esta foi a terceira ação criminosa registrada contra instituições financeiras na cidade, nos últimos dois anos.
De acordo com o cabo André Gustavo, da 21º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco, em Amaraji, a ação criminosa ocorreu por volta das 3h30. Cerca de 15 homens fortemente armados chegaram em um veículo de passeio e em motos.
Eles atingiram um veículo de uma pessoa que se preparava para viajar. Os criminosos estavam com fuzis e pistolas ponto 40 e calibre 380. “Graças a Deus, ninguém ficou ferido”, informou o policial.
O PM informou que as agências bancárias atacadas ficaram destruídas no ataque. “Em 2015, tivemos uma ação no Banco do Brasil, mas foram danos pequenos. No ano passado, bandidos usaram maçarico para abrir um caixa do Banco do Brasil. Agora, foi diferente. A explosão foi muito forte”, contou.
O cabo da polícia também disse que os bandidos colocaram grampos na pista para dificultar a perseguição. “Colocaram muitos grampos nas rodovias PE-63 e PE 71. Acredito que eles queriam o dinheiro do cofre do Banco do Brasil. Mas o equipamento é muito moderno e eles não devem ter conseguido abrir”, observou. A PM acionou a Polícia Civil e a perícia técnica.
Outras ações
Em 2017, bandidos realizaram outras investidas contra agências bancárias e caixas eletrônicos. Na quinta-feira (5), um grupo invadiu a Secretaria de Educação de Pernambuco, na Várzea, na Zona Oeste do Recife, para explodir os terminais de autoatendimento.
Na quarta (4), uma ação ocorreu no prédio da Prefeitura de Lagoa do Carro, na Zona da Mata Norte do estado, distante 61 quilômetros do Recife. Na terça-feira (3), ladrões realizaram uma investida no Banco Santander localizado na ilha de Fernando de Noronha.
As ações criminosas em prédios públicos de Pernambuco foram uma das marcas da criminalidade em Pernambuco, em 2016. Ocorreram registros na sede da Procuradoria Regional da República, nas Agamenon Magalhães, na área central o Recife, em um complexo do Poder Judiciário, na Imbiribeira, e no Centro de Convenções, em Olinda. Lá, ficam secretarias do governo do estado e a Empresa de Turismo (Empetur).
Balanço
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco divulgou um levantamento que revelou que 190 ações violentas foram cometidas contra agências bancárias e caixas eletrônicos no estado, entre os dias 1º de janeiro e 27 de outubro. O mapeamento teve como base dados reunidos pela entidade através dos bancos, do Sindicato dos Vigilantes e da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE).
De acordo com o levantamento dos bancários de Pernambuco, até outubro de 2016, foram registrados 12 assaltos, cinco sequestros, 27 explosões e 13 arrombamentos de agências das instituições financeiras. Nos terminais de autoatendimento instalados fora das agências, foram 128 ataques, além de cinco explosões de carros-fortes.
De acordo com a PF, em 2015 foram registrados 26 arrombamentos, sete assaltos, três explosões e seis furtos de armas, todos em unidades da Caixa em Pernambuco. No ano passado, foram 20 arrombamentos, um assalto, sete explosões e três furtos de armamento.
Medo
A onda de investidas criminosas contra instituições financeiras em Pernambuco aumentou a incidência de bancários afetados por problemas psicológicos em decorrência da violência nas agências. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, em, 2016, mais de 100 funcionários de bancos foram vítimas de assaltos e sequestros em todo o estado. Desses, 15 pediram afastamento dos cargos, após adoecerem por causa desse tipo de crime.
Em 2015, o número de pessoas afastadas pelo mesmo motivo chegou a 13. Ainda de acordo com o Sindicato dos Bancários, ao longo dos últimos cinco anos, outras cinco pessoas chegaram até a ser aposentadas, após desenvolverem doenças psicológicas decorrentes de assaltos e sequestros. Entre as queixas, estão paranoia, síndrome do pânico, estresse pós-traumático e depressão.
Prisões
Entre os meses de janeiro e novembro de 2016, a Polícia Civil de Pernambuco indiciou 272 pessoas suspeitas de envolvimento em roubos e furtos contra instituições financeiras no estado. No mesmo período, foram registrados 130 casos na modalidade especial de crimes contra o Patrimônio, que inclui roubo ou furto a agências bancárias, caixas eletrônicos e carros fortes.